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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mais uma vez Santa Cecilia do Pavão ganha destaque em JORNAIS

Santa Cecília do Pavão é um dos 34 municípios paranaenses reconhecidos como área livre do analfabetismo e por isso ganhou matéria especial no Jornal Folha de Londrina, edição desta quinta-feira, 13 de maio.

“É um orgulho para Santa Cecília ser destaque em um jornal de expressão como a Folha de Londrina. É mais uma prova que o município tem avançado nas mais diversas áreas”. Comentou o Prefeito Edimar Santos”.

Confira texto da reprtagem de Mariana Guerin:  Investindo na alfabetização

Santa Cecília do Pavão - Numa cidade onde a renda não ultrapassa R$ 430 por habitante, a população de analfabetos caiu de 23% para menos de 4% em cinco anos. O trabalho, que envolveu a inclusão digital, parcerias com órgãos públicos e força de vontade dos educadores municipais, rendeu ao município de Santa Cecília do Pavão (Norte) o reconhecimento de área livre do analfabetismo.

Conforme o prefeito Edimar Santos, a economia do município, com 4,5 mil habitantes, é baseada na produção de grãos, mas hoje os filhos dos agricultores já não desejam permanecer no campo. ''Por isso decidimos investir na capacitação desses jovens, começando pela educação.''

Em 2005, tiveram início ações de incentivo como o transporte gratuito de estudantes para universidades em Londrina e Cornélio Procópio (Norte) e a criação de telecentros comunitários, que disponibilizam acesso gratuito a computadores. O programa Cidade Digital, que oferece internet sem fio gratuita em toda a cidade, também faz a diferença. ''Há cinco anos, a cidade tinha só 37 computadores. Hoje, já são 1,2 mil. Naquele ano, somente oito estudantes frequentavam o ensino superior, hoje são 240'', cita.

Paralelamente, o Município deu início às turmas de alfabetização, com recursos do governo federal e estadual e força de vontade de educadores municipais. Em parceria com associações de moradores, a Prefeitura reuniu os estudantes, que assistiam às aulas em centros comunitários próximos de suas casas. As aulas aconteciam à noite e as turmas também recebiam uma refeição.

Cinco anos depois de iniciado o projeto de alfabetização, Santa Cecília conta com dez turmas, sete na zona urbana, com 98 alunos, e três na zona rural, onde 24 alunos participam das aulas de 40 minutos, nas quais aprendem a ler, escrever e fazer contas. A maioria tem mais de 50 anos e há estudantes de ambos os sexos.

Cidadania: A última etapa da inclusão deve ser concluída em agosto deste ano, quando cerca de mil estudantes dos ensinos Fundamental e Básico e 89 professores receberão notebooks. ''É mais uma parceria com o governo federal, que destinou 1.089 máquinas para Santa Cecília. A ideia do Ministério da Educação é que o computador funcione como um livro didático e fique em posse do aluno até ele terminar a oitava série'', explica.

Ainda segundo ele, o Município foi um dos primeiros a receber computadores no País. ''Nesta primeira fase vamos capacitar professores e alunos. Serão 180 horas de curso para aprenderem a usar a ferramenta em pesquisas e cálculos.''

Sobre o título de área livre do analfabetismo, concedido em abril, o prefeito reforça que hoje menos de cem pessoas ainda não sabem ler e escrever no município: ''A evasão escolar é natural, mas nossa meta é chegar a zero.''

'Educação faz diferença em tudo'  Tímida mas bastante risonha, Tereza Farias da Silva, 62 anos, aprendeu a escrever o nome aos 29 anos, incentivada por um político que queria que ela tirasse o título de eleitor. ''Meu pai não queria que eu fosse para a escola, então fiquei na roça a vida toda'', recorda Tereza, que diferente do pai, alfabetizou os cinco filhos.

E foi só depois de muita insistência da professora que ela decidiu frequentar algumas aulas. ''Gosto da aula, mas por falta de tempo, só vou quando dá'', diz Tereza, que hoje já sabe escrever mais que o nome e lê quase tudo, ainda que com dificuldade. Ela conta que agora consegue participar da missa, seguindo os cânticos no folheto. ''Leio quietinha, para mim.''

Correndo atrás do tempo perdido, a dona de casa Maria Luiza Beraldi Godoy, 56, também finalizou as aulas de alfabetização em Santa Cecília e pretende concluir o Ensino Médio para ingressar na universidade. Ela quer estudar Matemática. ''Parei de estudar no segundo ano para trabalhar no sítio do meu pai, mas já sabia ler.'' Viúva, ela decidiu voltar a estudar aos 55 anos, incentivada pela família. ''Foi um modo de ocupar o espaço vazio e fez toda a diferença.''


Perseverante, Aguinaldo Bento da Silva, 31, voltou a estudar depois dos 20 anos. Ele precisou abandonar a escola na quinta série para trabalhar no campo, mas depois de terminar o Ensino Médio no supletivo, ingressou num curso de mecânica, um sonho antigo. Hoje ele trabalha como instrutor da Apae local e pretende prestar vestibular para História.

Depois de conseguir o diploma, ele pôde prestar concurso, tirar carteira de motorista e até mudou de profissão, trocando o dia a dia duro da roça pelas oito horas ensinando crianças a cultivar uma horta. ''Hoje, sei que se alguém não tem estudo não consegue trabalho. Ainda tenho muitos sonhos'', comenta o instrutor, que incentiva os filhos pequenos a irem para a escola. ''Educação faz diferença em tudo.''(M.G.)

Reflexos no IDH:  Além de Santa Cecília do Pavão, outros 33 municípios paranaenses foram homenageados pelo governo estadual pelo compromisso de superação do analfabetismo. São mais de 23 mil turmas que já sabem ler e escrever por meio do programa Paraná Alfabetizado, iniciado em 2004.

Conforme o chefe do departamento da Diversidade, da Secretaria Estadual de Educação, Wagner Roberto do Amaral, a meta até o final deste ano é reduzir a 4% a taxa de analfabetismo em mais 125 cidades paranaenses. Dados do Censo Populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que há dez anos, o Paraná contava com 649 mil pessoas com mais de 15 anos que não sabiam ler e escrever, o correspondente a 9,5% da população. ''Hoje, mais de 360 mil pessoas já foram alfabetizadas pelo programa, desenvolvido pelo Estado em parceria com o governo federal e prefeituras municipais, além da sociedade civil'', relata Amaral.

Os Núcleos Regionais de Educação abrem novas turmas cinco vezes por ano e as matrículas são realizadas pelo próprio alfabetizador, em qualquer período, mesmo que a turma já tenha iniciado as atividades.

Professores concentram alunos de uma mesma região e as aulas podem acontecer em igrejas e até associações de moradores. Após a conclusão, os alunos são encaminhados ao EJA. ''A alfabetização influencia diretamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município'',

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